quinta-feira, 31 de julho de 2008

THE DARK KNIGHT II



Carta do telespectador Robson Monteiro:


Li o texto sobre o filme o cavaleiro das trevas e fico me perguntando por que a nona arte nunca foi abordada no programa. Sempre vemos as mesmas caras que têm sempre a mesma opinião formatada sobre os temas abordados.
Acho que valeria a pena discutir em alguns programas a importância dos quadrinhos como cultura pop. Reputo de suma importância termos uma literatura que aborda de maneira palatável idéias trazidas por pensadores gregos, filosofia, angustias etc. Acho que deveríamos abrir mais espaço na mídia brasileira, para essa literatura que alcança um número de leitores considerável no mundo todo.
Não sou contra a cultura brasileira, mas me pego questionando por que as temáticas abordadas pelos autores nacionais em obras como O Primo Basílio, A dama do Lotação etc, tem como tema quase que único a formação de triângulos amorosos, homosexualismo (se lembrarmos de O Ateneu e Capitães da Areia, para citarmos só alguns), maridos traídos e suas esposas infiéis e vice-versa. Será que é necessário mais de um livro para tratar desses temas? Por que é que tem que se remoer tanto esse tipo de literatura? Por que não fomentamos discussões sobre o papel do herói e do anti-herói na formação ética do ser humano? Tenho 33 anos li tudo que era recomendado nas escolas e não vejo por que aquela literatura é tão bajulada na mídia. As melhores coisas que li não foram recomendadas na escola. Gostaria de saber por que não debatemos, por exemplo, o porquê de nenhum professor indicar os livros 1984, ou Admirável Mundo Novo, A Pílula Vermelha, O Anticristo etc.
Só para finalizar a minha defesa para que o tema quadrinhos seja discutido em algum programa é bom lembrarmos que entre os maiores romances do mundo está a grafic novell Watchmen, de Allan More.

terça-feira, 13 de maio de 2008

RÁPIDAS, MAS SEM RASTEIRAS...

por Cristiano Ramos

O Opinião Pernambuco carrega nos ombros cansados aquela pretensão de ser um espaço de mídia democrático. Isso inclui até veicular “no ar” os comentários não exatamente entusiastas do contraditório. Nos últimos meses, recebemos ofensas as mais criativas, via telefone, por realizar discussões sobre homossexualidade, socialismo, descriminalização da maconha... Todos os ataques partem do pressuposto que “uma TV pública não deveria se ocupar de tais absurdos”. Passados 40 anos do mítico 1968, será hora de novamente sair às ruas gritando que é proibido proibir!? Ou estamos realmente nos excedendo? Enquanto a dúvida prossegue, os críticos bem que podiam amenizar o vocabulário com os coitados dos estagiários, que, com a maior boa vontade, estão lá todas as noites registrando as perguntas e opiniões. Até porque a maioria deles não recebe bolsa, quem dirá gratificação por insalubridade. No mais, qualquer coisa é só apertar o botão do controle, enquanto a pilha não seca.

Embora cheia de boas e mui perfumadas intenções, a Sexta Cultural é apenas um segmento dentro do Opinião, sessenta minutinhos de bate-papo, com comentaristas fixos e eventuais convidados. No formato Manhattan Conexion (ou, como prefere Walmir Chagas, Santo-Amaro Conexion). Então não há como atender à demanda de autores que nos enviam livros. Ainda alimentamos a vontade de produzir um programa apenas sobre literatura. Mas, entre querer e poder, fica uma porta que dá na sala do diretor-geral, Paulo Jardel, além das dificuldades típicas das emissoras públicas espalhadas pelo país. E, assim, vamos comendo pelas beiradas, que teimam em não acabar.

Para os telespectadores mais atentos (e isso é quer dizer "um bocado de gente"), já chama atenção o fato de termos realizado duas rodadas de entrevistas com os pré-candidatos a Prefeitura do Recife, ambas com a ausência de Cadoca. Ratificamos que o mesmo sempre diz não ter disponibilidade, ou então marca data e depois cancela. Isso inclusive já nos acarretou a necessidade de reprisar algum programa. Sendo assim, damos por encerradas as tentativas. Até porque consideramos legítima a definição de prioridades da assessoria do político, assim como a nossa, de resolver que é momento de gastar pique com outras pautas. Pois, como a equipe de produção é toda sedentária, o fôlego anda devagar, quase parando.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

ODE À MISÉRIA CORRIGIDA


Com a ajuda do Fernando Neto, telespectador do Opinião e internauta sempre atento, finalmente vamos postar o texto corrigido do Manuel Tavares, Ode à Miséria, lido por Walmir Chagas no ar.




Hoje não cantarei o Recife de Manuel Bandeira
Da lira e das bandeiras liberais;
O Recife do "chicote queimado" da Rua da União
Do "coelho sai-não sai"
Hoje cantarei o Recife das mulheres da vida
E desses homens marginais
O Recife dos loucos, que estendem a mão e riem de si mesmos
Como se fossem seres tão normais.

Hoje cantarei o Recife dos heróis sem glórias e sem nomes
Cuja lista daria, tranquilamente,
Pra encher as estantes da Academia de Londres
Sim, hoje cantarei o Recife dos mangues, das palafitas,
Das crianças exangues,
Que teimam em existir.
O Recife das crianças que andam sobre a lama em busca de siri.

Hoje cantarei o Recife do "É melhor partir"

"Mamãe, acho que vou pro Rio de Janeiro
Porque lá não tem um rio que fede como este aqui"!
Mas o rio Capibaribe não escuta,
Porque está preocupado em molhar a várzea
Pra desovar a miséria. O Recife é coisa séria!
Às vezes esquisito, às vezes esquistossomose.
E enquanto um delira, o outro morre
Sem saber do quê, por quê e para quê.
E lá no Bar Savoy, tantos de porre!
Lá no Bar Savoy, onde o poeta Carlos Pena nunca disse:
"Recife, eu tenho pena de você".

Hoje não cantarei o Recife das pontes, nem da Família Pontes;
Nem dos Vieira, nem dos Freire, nem dos Bandeira.
Cantarei o Recife das pontes entre a miséria do ser e do não ser.
Hoje cantarei o Recife dos mendigos,
Desses artistas de circo, que saltam do trapézio pra morrer.

Hoje cantarei o Recife das igrejas , da erva, do porre e do xixi
Mas não cantarei o Recife do Cinema Moderno**, de terno,
Pois o filme real dessa cidade não passa alí.
Mesmo assim, eu não vou para Pasárgada!
EU QUERO É FICAR AQUI!!!

quarta-feira, 30 de abril de 2008

PRÊMIO CRISTINA TAVARES



CONFIRA A LISTA DE VENCEDORES

Categoria Estudante Jornalismo Impresso - Texto
Medicina e Dependência Química - Projeto Experimental UFPE - Conceição Gama

Categoria Estudante Jornalismo Impresso - Foto
Quilombola - José Osmário Marques de Oliveira - Publicada no DP

Categoria Assessoria de Imprensa
Um Outro Olhar Sobre o Semi-árido Brasileiro - Fábia Lopes/Fernanda Cruz/Gleiciani Nogueira/Viviane Brochardt - Asa.com

Categoria Telejornalismo - Documentário
"A Última Diva - Projeto Experimental - Nelson José de Castro Sanpaio Júnior - (Veiculado na TV Universitária)

Categoria Online
A Retomada Indígena - Julliana de Melo Correia e Sá/Inês Calado/Jacques Waller - JC OnLine

Categoria Jornalismo Impresso - Foto Isolada
Fuga do Inferno - Chico Porto - JC

Categoria Jornalismo Impresso - Criação Gráfica
O Senhor do Tempo - 80 Anos de Brennand - Fabiana Martins dos Santos - JC

Categoria Radiojornalismo
O Som da Paixão - Mattheus Sampaio - Rádio Jornal AM
Menção Honrosa
Água: Evite o Desperdício Deste Bem Público - Mattheus Sampaio - Rádio Jornal AM

Categoria Telejornalismo - Reportagem
Coque: Um Novo Olhar - Ulisses Antônio Brandão de Souza/Alissa Farias-TV Jornal

Categoria Jornalismo Impresso - Foto Seqüência e Ensaio Fotográfico
Faltam Letras. Sobram Sonhos - Alcione Ferreira – DP

Categoria Jornalismo Impresso - Desenho para Imprensa
Retrospectiva 2007 - Samuca - DP

Categoria Texto
A Escolha de Sílvio - Fred Figueiroa de Faria Filho - DP

Categoria Texto Séries/Reportagens e Coberturas Especiais
Pernambuco Não é Mais Aqui - Vandeck Santiago - DP

domingo, 27 de abril de 2008

MANUEL TAVARES LIDO POR WALMIR CHAGAS


Caros, depois de muitos pedidos de telespectadores, eis os versos de Manuel Tavares (Ode à Miséria) lidos por Walmir Chagas no ar. Ele os recitou também na abertura do espetáculo Sou feio e moro longe. Porém, copiei de anotações do próprio Walmir, e creio que há muitas incorreções de pontuação etc. Então, se alguém puder disponibilizá-los no original, agradeço.

Hoje não cantarei o Recife de Manuel Bandeira, o Recife da lira e das bandeiras liberais, o Recife do chicote queimado na Rua da União, do coelho sai! Não sai! O coelho sai! Não sai. Hoje cantarei o Recife das mulheres da vida, e desses homens marginais, o Recife dos loucos que riem de si mesmos como se fossem seres tão normais. O Recife sem glória e sem nomes. Cuja lista daria tranquilamente para encher as estantes da academia real de Londres. Hoje cantarei o Recife dos mangues das crianças exangues que teimam em existir. O Recife das crianças que andam sobre a lama em busca de um siri. Hoje cantarei o Recife do “É melhor partir!” – “Mamãe, eu vou pro Rio de Janeiro, acho que lá não tem um rio que fede igual a esse aqui!”, mas o rio Capibaribe não escuta porque está preocupado em molhar a várzea para desovar a miséria. Recife é coisa séria, às vezes esquisito, às vezes esquistossomose, e lá no bar Savoy, tantos de porre, lá no bar Savoy onde o poeta Carlos Pena Filho nunca disse “Recife, eu tenho pena de você!”. Hoje eu cantarei o Recife das pontes, mas não da família Pontes, nem Freyre, nem Bandeira. Hoje cantarei o Recife das pontes entre a bastança do ter e do não ter, o Recife dos mendigos, desses artistas de circo que saltam do trapézio pra morrer. Tampouco cantarei o Recife de terno, do cinema Moderno, pois o verdadeiro filme dessa cidade não passava ali. Cantarei o Recife das igrejas, da erva e da cerveja, do porre e do xixi. “Eu não quero ir pra Pasárgada, eu quero ficar aqui!!”.

Poema de telespectador

ILUSÃO
Solilóquio de sentimentos
impuros numa noite de
eternas,
verdades claras.

Um corpo,
bebida de mentiras
alcoolizadas.
Lâmina cega,
cortando a visão
do espírito.

Insurreição de gestos
presos
em passos lentos.
Imagem refletida
no espelho da alma...
Já não tem o mesmo
tamanho.

Cedro da lei espiritual
não está longe,
inconsciente.
Idade que perdura
na escuridão.

Inábil ser no
trampolim
da iniqüidade.
Corpo no solo do mundo,
corpo solo no mundo.
Barricada de uma
existência
sofrida.

Deus do vento,
da terra...
Deus do pensamento,
da vida...
Além da morte.

Antagônico Humano
humo...
Engodo da covardia,
mesmo que a vitória tardia.
Adeus a um corpo,
Despedida Vida na lâmina
cega.
Destroçar a própria ilusão
seguindo o
caminho.
Fernando Matos

sábado, 19 de abril de 2008

ENTREVISTA: ALFREDO BERTINI


"Hoje a gente percebe que o cinema pernambucano está na vanguarda, basta para isso ver as conquistas nacionais e internacionais"



Idealizador do Cine PE Festival do Audivisual, Alfredo Bertini concedeu entrevista ao Blog da Sexta, depoimento onde relembra a criação do evento e ratifica a importância do mesmo - um dos principais festivais do país, considerado o de maior público.
Como surgiu a idéia de fazer um festival de cinema na cidade do recife?

Estava como secretário adjunto de indústria, comércio e turismo, no governo de Joaquim Francisco, quando tive contato com o setor cinematográfico. Comecei a entender o sentido econômico, o contexto da "indústria", para o qual o audiovisual como um todo já dava sinais de fortalecimento. Assim, inspirado naquela oportunidade pelo sucesso do Festival de Gramado, senti que havia espaço para se trabalhar algo semelhante, não só observando o caso pelo aspecto turístico (muito forte em Gramado), já que a cultura e a história audiovisual de Pernambuco tinham expressão suficiente para absorver a idéia. Um pouco mais de toda essa história está no livro anterior que escrevi pelos 10 anos do evento: Quando o caso é de Cinema, a paixão é um Festival.



Como você vê a evolução do cinema pernambucano? E qual a contribuição do Cine PE?

O Festival e o novo cinema pernambucano são também frutos da aposta que se fez na retomada da produção brasileira. Há uma simultaneidade não planejada nessa história, posto que os fatos marcharam para essa direção. É claro que a história do cinema pernambucano e a própria riqueza cultural da nossa terra também exerceram influências. Hoje a gente percebe que o cinema pernambucano está na vanguarda, basta para isso ver as conquistas nacionais e internacionais. E o festival, por sua vez, ocupando um espaço privilegiado no cenário brasileiro, considerado aquele que mais leva público e um dos mais respeitados do país, apesar de sua juventude. E certamente que o Cine PE hoje já representa uma vitrine de interesse, não só para os novos talentos da terra, como para os cineastas de todo Brasil.

Qual o espaço reservado aos filmes pernambucanos no Cine PE?

É um festival de reconhecimento e dimensão nacional. E, nessa condição, não deve perder de vista seu compromisso com a diversidade cultural expressa pelos quadrantes do país. Assim, os filmes da terra passam pelo crivo do processo seletivo, muito embora seja sempre bem vista a presença da produção local, desde que exprima uma qualidade compatível com a referência hoje conquistada pelo Cine PE. Todavia, como a produção cresceu além das expectativas, esta edição de 2008 apresenta uma de suas novidades: a Mostra Pernambuco. Trata-se dos filmes que obtiveram qualificações junto às comissões de seleção e que precisam compor essa janela nova de exibição. Estamos, para esse fim, tentando uma premiação extra em dinheiro como estímulo. Mas, se não der para este ano, a semente já se encontra plantada pata as próximas edições.

Alguma outra novidade para este ano?

Apesar do modelo estrutural ser o mesmo, a cada ano são incorporadas inovações. Isso passa pela linguagem de comunicação, assim como por tarefas de conteúdo programático, propriamente dito. Neste particular, por exemplo, além da primeira edição da Mostra Pernambuco, pela primeira vez a itinerância das exibições é deslocada para Porto de Galinhas. Trata-se de um esforço novo na direção de agregar um importante valor cultural ao mais badalado destino turístico de Pernambuco. Tudo na defesa de um padrão de entretenimento que expresse a importância da preservação e valorização das identidades.

Pode explicar um pouco mais o processo de seleção dos filmes exibidos no festival?

O Cine PE opera com o modelo tradicional das comissões de seleção, que se reclusam por uma semana, justamente para efetivar a difícil missão de escolher os filmes que estarão na grade competitiva. Como a acada ano o volume de inscritos tem aumentado consideravelmente, esse trabalho se revela como um dos mais árduos. Por exemplo, para amenizar a carga de tantos filmes (foram mais de 70 longas), adotamos neste ano, para o caso dos longas-metragens, um ponto de corte em cima da questão do ineditismo, mas sem perder de vista o padrão de qualidade do festival.



Como você observa a consolidação do Cine PE no circuito de cinema do país?

Como mero resultado de muito trabalho e dedicação, sobretudo, de uma equipe que se mostra cada vez mais apaixonada pela causa que abraçou. Por toda essa engrenagem para funcionar, não é uma tarefa de produção simples, pois envolve diversos setores. A cadeia produtiva do Cine PE representa um emaranhado bem expressivo, posto que envolve centenas de pessoas, direta e indiretamente comprometidas. São 10 meses de trabalho constante, que tem seu ápice nervoso justo na semana de referência do evento. Com todo esse esforço concentrado, o resultado é que o Cine Pe, em tão pouco tempo, conquistou um espaço nobre na galeria dos grandes festivais. Afinal, ele representa o que há de maior em termos de platéia (são 3 mil pessoas por sessão), goza de prestígio e possui uma significativa reverberação na mídia.

Qual sua análise sobre o investimento na área do audiovisual?

Ele é uma atividade econômica que exige inversões grandiosas. Por essa razão, a demanda por recursos para o setor nem sempre é entendida de modo adequado, haja vista o baixo entendimento com relação ao seu porte. Já ocorreram alguns avanços em termos de políticas públicas nas três esferas, mas ainda é preciso esse entendimento da ordem de grandeza do setor, visto pelo impacto sócio-econômico (na geração de empregos e rendas) e pelo seu poder midiático. [confira a programação do Cine PE]


A entrevista foi realizada por André Lucena, Branca Alves, Léo Leite, Manuela Clericuzi e Rafael Montenegro, estudantes de Comunicação Social e produtores do Opinião Pernambuco.