terça-feira, 13 de maio de 2008

RÁPIDAS, MAS SEM RASTEIRAS...

por Cristiano Ramos

O Opinião Pernambuco carrega nos ombros cansados aquela pretensão de ser um espaço de mídia democrático. Isso inclui até veicular “no ar” os comentários não exatamente entusiastas do contraditório. Nos últimos meses, recebemos ofensas as mais criativas, via telefone, por realizar discussões sobre homossexualidade, socialismo, descriminalização da maconha... Todos os ataques partem do pressuposto que “uma TV pública não deveria se ocupar de tais absurdos”. Passados 40 anos do mítico 1968, será hora de novamente sair às ruas gritando que é proibido proibir!? Ou estamos realmente nos excedendo? Enquanto a dúvida prossegue, os críticos bem que podiam amenizar o vocabulário com os coitados dos estagiários, que, com a maior boa vontade, estão lá todas as noites registrando as perguntas e opiniões. Até porque a maioria deles não recebe bolsa, quem dirá gratificação por insalubridade. No mais, qualquer coisa é só apertar o botão do controle, enquanto a pilha não seca.

Embora cheia de boas e mui perfumadas intenções, a Sexta Cultural é apenas um segmento dentro do Opinião, sessenta minutinhos de bate-papo, com comentaristas fixos e eventuais convidados. No formato Manhattan Conexion (ou, como prefere Walmir Chagas, Santo-Amaro Conexion). Então não há como atender à demanda de autores que nos enviam livros. Ainda alimentamos a vontade de produzir um programa apenas sobre literatura. Mas, entre querer e poder, fica uma porta que dá na sala do diretor-geral, Paulo Jardel, além das dificuldades típicas das emissoras públicas espalhadas pelo país. E, assim, vamos comendo pelas beiradas, que teimam em não acabar.

Para os telespectadores mais atentos (e isso é quer dizer "um bocado de gente"), já chama atenção o fato de termos realizado duas rodadas de entrevistas com os pré-candidatos a Prefeitura do Recife, ambas com a ausência de Cadoca. Ratificamos que o mesmo sempre diz não ter disponibilidade, ou então marca data e depois cancela. Isso inclusive já nos acarretou a necessidade de reprisar algum programa. Sendo assim, damos por encerradas as tentativas. Até porque consideramos legítima a definição de prioridades da assessoria do político, assim como a nossa, de resolver que é momento de gastar pique com outras pautas. Pois, como a equipe de produção é toda sedentária, o fôlego anda devagar, quase parando.

5 comentários:

Cristina Sampaio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cristina Sampaio disse...

Ainda existem temas intocáveis para a sociedade, que não sabe exercer a democracia por estar presa à competitividade; raros são os que conversam desarmados, sem intenções de vencer ao fim do diálogo, do debate. Gosto muito do seu trabalho, que nos convoca a ser demócráticos, respeitadores da opinião dos outros. Vejo o Sexta Cultural sempre que posso, mas nunca tento ligar, por isso deixo aqui o meu abraço ao Jomar, ao Marcelo Pelizzoli e ao Carrero, que pra mim enriquecem o programa, obtendo destaque (Excluí o comentário anterior só pra consertar os erros nos nomes, da pressa com que escrevi). Parabéns pelo blog.

Anônimo disse...

Parabéns pelo blog e pelo Programa Opinião Pernambuco, do qual sou telespectadora desde a época em que tinha apenas 30 minutos de duração. Todas as temáticas são interessantes e devem ser abordadas adequadamente, que é o que vocês vêm fazendo desde sempre. Pena que nem todo mundo tem coragem de abordar determinados assuntos polêmicos, até porque fazer isso significa questionar a si mesmo e desconstruir conceitos. Diante dessa incapacidade, colocam a "culpa" no programa ou no apresentador. Ignorem e continuem firmes, pois de uma forma ou de outra, isso também signfica que ninguém fica indiferente aos efeitos que o programa provoca.
Adoro o Sexta Cultural. Lamento a perda de Rubem Rocha Filho, tão culto, tão esplêndido.
Já indiquei o blog e o programa para a minha lista de contatos.
Também aproveito as dicas de sites que vocês dão, de vez em quando. O Estante Virtual é o máximo! Por que não também sempre indicarem endereços de sites legais, assim como vocês fazem com os livros?
Um abraço a todos/as e parabéns mais uma vez!
Anna Paula Nascimento - Cabo de Santo Agostinho

Anônimo disse...

É natural que um programa democrático e que tem a ousadia de trazer para discussão, assuntos que na maioria das vezes, são ignorados por sua repercussão, receba críticas. Pena que, infelizmente, boa parte delas é destrutiva e não contribuem em nada, para o enriquecimento dos debates. Tenha certeza que, o público que compreende a alma do programa, agradece pela excelente opção na TV aberta, num horário bastante competitivo (embora as demais opções sejam bem menos convidativas).

Parabéns pelo sucesso.

Roberta Revorêdo

José Rodrigo Bragança Pacheco disse...

com o risco de não ser lido,pela defasagem de tempo,mas acostumado a riscos similares,aqui vou ocorrer.PARABÉNS CRISTIANO RAMOS! o seu trabalho é efetivamente democrático e quem o diz,eu,é pessoa avessa a muitas das idéias vistas no programa,mas nunca avesso a qualidade das intenções dos que lá se expressam e,em particular,do apresentador. Mas é isso,pessoas tem suas opiniões e o importante para a democracia é o debate baseado em argumentos. Uma única vez, não vi isso acontecer.não por culpa do apresentador, mas do escritor Raimundo Carreiro. Cristiano levantou uma assunto, e ideologias a parte o homem é um assunto, OLAVO DE CARVALHO. Logo, R.Carreiro rejeitou a proposta dizendo que ele(ovalo) era burro feito um jumento. O que é uma mentira. Mentira não defendida por argumentos, o que a torna antidemocrática. Cristiano,complacente,riu; talvez covalecendo por dentro- não sei,e acho que não. E eu, sentado, assistir a um programa do qual sempre espero fortes argumentações, como um apaixonado pelo argumento, democracia, naquele dia R.Carreiro me broxou